Essa é a primeira regra do Clube da Luta. Se você ainda não assistiu ao filme, volte algumas casas… Tô brincando, pode deixar que eu refresco a sua memória. Esse é um daqueles enredos que são um soco no estômago e nos colocam diante de dilemas e questionamentos constantes. A narrativa é tão cheia de camadas que vai servir como introdução para a gente falar sobre como inspirar um grupo e liderar um movimento.
Logo no início da história somos apresentados ao narrador que, sem nome, acaba sendo a representação de um “cidadão normal”, bem-sucedido no emprego e com uma vida financeira que o permitia comprar o que quisesse. Mas, para ele, a vida tediosa foi um dos motivos que o levaram a sofrer com insônia e perder completamente a sua saúde mental. No entanto, em algum momento o narrador encontra Tyler, um personagem misterioso. Juntos eles fundam o Clube da Luta, como uma resposta à falta de intensidade da vida do narrador.
Bem, vocês que me perdoem mas terei de quebrar a regra de ouro para explicar o que era o clube… Ele nasceu de uma provocação do Tyler para o narrador, convidando-o para uma luta como forma de extravasar toda insatisfação que ele tinha com a vida que levava e com a lógica do sistema social. A luta foi tão emblemática para os dois que se tornou um ritual diário, onde eles lutavam todas as noites. Os dois chamaram atenção pela natureza subversiva do movimento que, mesmo sendo “oculto”, conquistou centenas de participantes em diferentes cidades.
Com o tempo, a figura do Tyler se tornou ainda mais forte na trama. Ele personaliza o arquétipo de um líder subversivo, disruptivo, capaz de libertar o cidadão comum das “hipócritas regras sociais”, já que a mensagem por trás da trama envolve a crítica ao consumismo vazio e desenfreado. Deu para sacar que o filme explora uma linha tênue entre o “viver” e o “existir”? Esse é um daqueles temas que mexem com o íntimo de todo mundo, envolvendo a busca por uma vida que valha a pena ser vivida.
As regras que guiam o clube podem ser vistas como parte de um manifesto daquele movimento. Mas o nosso paralelo com o enredo vai parar aqui, porque se você assistiu ao filme sabe muito bem onde essa história vai terminar… Inspirar um propósito nas pessoas é o caminho mais certeiro para liderar um movimento. E essa é a forma mais eficiente de fortalecer uma marca. Então chegou a hora de eu te mostrar como fazer isso, topa?
Sua marca não só pode, como deve ter clareza de qual movimento ela gera.
Fale do seu produto, sem falar sobre ele
As marcas mais bem-sucedidas do mercado lideram movimentos. E elas sabem que se não fizerem isso, rapidamente serão substituídas por uma empresa que entregue o mesmo tipo de produto. Por isso, na hora de se posicionar no mercado, mostre qual é a visão de mundo do seu negócio. Como fazer isso? Uma boa forma de começar é com um Manifesto de Marca, uma carta aberta que revela as intenções da empresa, apresenta sua visão de mundo e seu compromisso com esse objetivo. Melhor do que te falar como fazer isso, é te apresentar os manifestos de grandes marcas.
Apple: pense diferente
Um dos manifestos mais icônicos, com toda certeza, é o da Apple, criado justamente no momento de retorno do Steve Jobs à Apple. Ele é um chamado para aqueles que desejam mudar o mundo, os desajustados, os tido como loucos (The Crazy Ones). O manifesto reforça os fundamentos da marca e convida o público a fazer parte de sua história – uma história voltada para o futurismo e a criação de um novo mundo. Quer saber mais? Tá tudo no Portal #012.
Reserva: simples como a vida e intensos como ela deve ser vivida
O manifesto da Reserva mostra a visão de mundo que a marca tem e, não só isso, ele revela como a marca acredita que essa visão de mundo deve ser vivida: com brilho nos olhos. Um dos atributos mais presentes no seu manifesto é a intensidade, que acompanha a autenticidade da marca e mostra que, seja como for, o importante é ser Reserva.
Levi’s: feito para durar
O manifesto da Levi’s chama atenção pela forma com que a empresa ressalta suas origens, mantendo-se fiel ao produto original, sem perder a inovação (revelada no cuidado com a sua linha de produção). No meio disso tudo aparecem símbolos que promovem ainda mais identificação, como é o caso da bandeira dos EUA, a referência aos uniformes dos militares, os trabalhadores e os rockstars. Fica a mensagem de um jeans azul que sobrevive ao tempo e faz história por gerações.
Então, o que é um Manifesto de Marca?
O manifesto ressalta as raízes da empresa, mostrando de onde ela veio e para onde ela vai. Ele enaltece os princípios do negócio e não se limita ao seu produto. O objetivo é compartilhar uma visão de mundo e criar um movimento que alimenta essa visão, onde a marca se torna parte fundamental dessa história. Mas o movimento só ganha força se esse for um sonho compartilhado, onde cada pequeno passo importa.
Chegou a hora de deixar a sua marca
Se você não viver o seu sonho, com a máxima intensidade, ninguém vai fazer isso por você. Se você não acreditar no potencial da sua marca – muito provavelmente não conseguirá vender suas ideias pelo valor que elas valem. E não estou falando de dinheiro, embora todo mundo saiba que é a confiança que movimenta a economia – e não as notas de dinheiro impresso. Você só empresta dinheiro acreditando que aquela pessoa vai te pagar de volta (a menos que seja um esquema que envolve juros e, de alguma forma, a pessoa ainda acredita que terá lucro no final). O resumo da ópera é: para aumentar as suas vendas, ter mais resultados ou mesmo liderar um movimento, você precisa ser apaixonado pelo seu negócio. O manifesto cria essa ponte de conexão entre a sua visão de mundo e a do seu cliente. Antes que você pense que ninguém irá lê-lo, tenha certeza que, futuramente, você vai agradecer por ter escrito um.
Tenha clareza sobre os princípios que movem a marca
Eles são os fundamentos da empresa e, por isso mesmo, são a espinha dorsal do seu manifesto.