Let it be, Let it be Deixe estar, deixe estar – essa é uma das formas de traduzir o refrão de uma das músicas mais tocadas do mundo: Let it Be dos Beatles. Pois é, chegou a hora de falar de uma das bandas mais marcantes da história da música. E dá para dizer que ela também é uma das mais amadas, responsável por inúmeros hits de sucesso como Hey Jude, Come Together, Yesterday, All You Need Is Love, Help… A lista é gigantesca e antes da gente continuar, dê o play na sua música favorita porque esse bloco merece!
E eu não comecei falando de Let it Be em vão… A leveza inicial da música faz a gente imaginar que para aqueles quatro jovens, o sucesso foi algo tão natural quanto sua genialidade aparenta ser. Mas será que as coisas são assim mesmo? É bem comum a gente acreditar que pessoas fora de série, que superam muito a média geral, têm talento ou encontraram uma bala de prata, um tesouro escondido que fez as coisas acontecerem do dia para a noite.
Só que não é bem assim que as coisas funcionam…. E teve alguém que tentou desvendar esse mistério pra gente. Estou falando de Malcom Gladwell, autor do livro Outliers (ou Fora de Série em português). A proposta da obra é mostrar porque algumas pessoas têm sucesso e outras não. E ele faz isso correlacionando uma série de pesquisas e histórias, dentre elas, a dos Beatles.
Uma das hipóteses debatidas no livro é se o talento inato existe mesmo. E já vou adiantar que a resposta não é definitiva: o talento parece existir, mas sem a devida preparação ele não adianta nada. Um dos estudos abordados no livro foi feito analisando músicos de alto nível da Academia de Música de Berlim. Os músicos foram separados em 3 grupos: o primeiro era composto das estrelas (quem tinha potencial para se tornar solistas de nível internacional), no segundo grupo ficaram os alunos “bons” e, no terceiro, estavam os estudantes que pretendiam se tornar professores de música.
Analisando o histórico de cada um, os pesquisadores perceberam que todos começaram a tocar com cerca de 5 anos de idade (e praticavam entre 2 a 3 horas por semana). Mas aos oito anos os grupos começaram a se diferenciar… Havia um padrão entre o grupo das estrelas. Aos 9 anos as crianças passaram a se dedicar seis horas por semana, depois oito horas por semana aos 12 anos, dezesseis horas aos 14 anos e cada vez mais. Aos vinte anos as “estrelas” praticavam mais de 30 horas semanais.
Fora de série – Outliers
Os pesquisadores identificaram que, aos vinte anos, os alunos mais talentosos haviam totalizado 10 mil horas de treinamento em sua vida; os meramente bons, 8 mil horas; e os futuros professores de música, pouco mais de 4 mil horas. E o melhor: o estudo não apontava nenhum sinal de talento natural para além das horas praticadas. Nas palavras do autor, eles também não identificaram alunos que, embora se empenhassem mais do que os outros, não tenham conseguido ficar entre os melhores. Essa pesquisa indicou que, quando uma pessoa tem capacidade suficiente para ingressar numa escola de música de alto nível, o que a distingue dos demais estudantes é seu grau de esforço. Mas o melhor vem agora.
Isso não vale apenas para a música e é justamente isso que o livro demonstra com uma série de cases diferentes. Para os pesquisadores, a excelência é alcançada com 10 mil horas de prática em qualquer atividade. “Em um estudo após o outro, de compositores, jogadores de basquete, escritores de ficção, pesquisadores, pianistas, jogadores de xadrez, mestres do crime, seja o que for, esse número sempre ressurge. Dez mil horas equivalem a cerca de três horas por dia, ou 20 horas por semana, de treinamento durante 10 anos”, destaca o neurologista Daniel Levitin.
Regra das 10 mil horas
Outros exemplos para deixar essa ideia ainda mais clara.