Imagine um cidadão americano da década de 50 acostumado com seu Cadillac Eldorado quando viu um Fusca rodando em sua cidade pela primeira vez. Precisa de muita ousadia para colocar um veículo desse tipo num mercado tão orgulhoso de seus carrões. Foi exatamente isso que a Volkswagen fez.
Esse anúncio ao lado não só conseguiu aumentar as vendas em 23% no primeiro ano, mas também revolucionou a história da publicidade. Sabe como? Compartilhando uma crença: Pense pequeno. E ainda enfatizaram a mensagem ocupando apenas um pequeno espaço da página, algo muito disruptivo para os anunciantes da época.
Viu só? Não é de hoje que as pessoas compram muito mais que um produto, mas uma identidade. Por isso eu sempre digo. Um perfil no Instagram qualquer um tem. Mas uma marca que dura no tempo, que conquista pessoas, forma comunidades e coloca sua voz no mundo é outra história. O nome disso é posicionamento. São suas crenças, seus valores inegociáveis, as causas que você defende. Os aspectos intangíveis do seu negócio que, acredite, valem muito mais que seus produtos.
E muitas marcas perceberam o poder de fincar suas bandeiras para debater assuntos importantes na sociedade e atrair pessoas mais alinhadas com seus propósitos.
Quando a Amstel lança a campanha I am what I am (ou Eu sou ou quem eu sou, em Português), ela mostra que você pode ser como quiser e será bem-vindo. Você pode concordar com o posicionamento da marca ou não. Mas é justamente não querer agradar todo mundo que a torna ainda mais forte entre sua comunidade. Enquanto algumas pessoas passam a rejeitar a marca, outras passam a admirá-la ainda mais.
Uma marca é uma comunidade unida por um sistema de crenças. Ao se posicionar, você afirma sua identidade, cria conexão com pessoas que concordam com você e afasta quem não quer fazer parte daquilo. Lembre-se sempre que você não vende isso ou aquilo, você vende a sua visão sobre isso ou aquilo. Esse é o processo essencial para criar uma comunidade forte de pessoas que serão muito mais do que seus clientes, mas advogados da sua marca. E você vai ver daqui a pouco que tem várias maneiras de fazer isso e nem precisa entrar em polêmica ou falar de assuntos que te deixam desconfortável.
5 motivos para criar seu sistema de crenças
Elas te diferenciam da multidão, especialmente em mercados concorridos. Afinal, apesar de existirem centenas de milhares de advogados se formando todos os anos, a maioria deles não vai ter um sistema de crenças igual ao seu.
Ter suas crenças definidas torna a conexão com o seu público mais profunda, uma vez que um conteúdo frio e técnico na maioria das vezes pode ser confundido com um conteúdo institucional, o que não tem nada a ver com a linguagem das redes sociais.
Saber quem você é de fato vai te ajudar a direcionar o conteúdo para pessoas que têm as mesmas crenças que você. A partir do momento que você entende e comunica os seus valores, você deixa de perder tempo com os haters que possuem crenças opostas às suas.
94% dos consumidores da geração Z (a galera entre 18 e 25 anos) prefere consumir de empresas que trazem debates públicos à tona, segundo a pesquisa Global Marketing Trends 2022.
Até mesmo os haters que não compartilham da sua visão de mundo servem para fortalecer sua comunidade, já que basta um comentário indesejado para estimular sua galera a partir em sua defesa.
Veja como funciona na prática
A boa notícia é que você não precisa entrar em polêmica, ofender ninguém ou falar de causas que não se sente confortável ou que não tenham a ver com sua linha editorial. O lance é dividir com seu público seus valores de trabalho e sua visão de mundo. Veja alguns exemplos de crenças do Paulo Cuenca:
Quantidade é melhor que qualidade
Você não é mais inteligente porque fala difícil
Foda-se a persona